Violência doméstica

 

Em algumas famílias, a violência doméstica se firma como uma forma de comunicação e até mesmo como a forma de se estabelecerem os vínculos afetivos e a rotina. As pessoas da casa acabam se reconhecendo e assumindo um estilo de interação familiar de agressões, mesmo quando sabem que o ambiente poderia ser mais saudável se houvessem algumas mudanças.

Quando em contato com profissionais de saúde ou de assistência, algumas vítimas de violência doméstica acabam admitindo certa resistência a fazerem as mudanças, isso ocorre porque a família, como um sistema, tende a buscar o equilíbrio, e a primeira busca se dá pelos meios que já são conhecidos.

Costuma-se encontrar muita raiva voltada para o agressor, mas ao mesmo tempo a vítima se vê amedrontada em tomar atitudes, não só pelas situações realmente perigosas incitadas pelo agressor, mas pelos próprios receios inerentes à mudança.

Independente de se apontarem opções mais positivas, estas parecem ameaçadoras, são geradoras de insegurança e desconforto, visto que a lógica da casa está estabelecida daquela maneira e de certa forma cada um sabe o que fazer em cada situação.

É comum ouvirmos nos discursos das pessoas vítimas de violência doméstica frases que tentam amenizar as agressões, “apesar disto vivíamos bem”, ”ele tem seu lado bom”, etc. 

Quando uma pessoa integrante de um meio com violência tenta mudar o seu comportamento, a resistência aparece por parte dos demais envolvidos. Neste ponto costuma acontecer a resignação. Quando a pessoa se acomoda em um ambiente nocivo, pode até mesmo deixar de perceber tão claramente os prejuízos, apesar de sofrer constantemente com problemas subjacentes, como ansiedade, depressão ou outros problemas de saúde, isto tendo o papel de uma denúncia de que aquele indivíduo precisa de ajuda.

Ao encontrar um canal de escuta, a pessoa vítima de violência doméstica pode compreender melhor a sua realidade e as suas ideias, e verificar como sua forma de se relacionar e de reagir podem contribuir ou reduzir a atitude de violência do outro. Torna-se mais viável, com ajuda, identificar sentimentos e posturas que surgiram ao longo da história de vida da pessoa e também começa-se a explorar as expectativas e caminhos que a pessoa tem diante destas descobertas.

O que costuma funcionar bem é quando se estabelece um compromisso de transformação em conjunto com todos os elementos envolvidos da família. Isto pode levar a alterações em qualidade de vida, embora seja necessária a persistência e a determinação de todos. É preciso que se aprenda a dialogar, expor seus pensamentos e sentimentos com respeito e assim evitar despertar sentimentos negativos nos outros. Evitam-se assim também os mal entendidos.

Boa parte dos problemas podem ser resolvidos em se tentar enxergar a situação como o outro. Cada um, ao se comprometer com a melhoria de si mesmo e de suas relações, pode se esforçar e descobrir como a comunicação fluirá melhor.

Autora: Psicóloga Maria Silvia Kolzer Navarro, psicóloga, CRP 05/3000283.

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